Dia da Santa: 09 de Junho
Também conhecida como Santa Marina.
De beleza raríssima, Pelagia – apelidada de pérola – era atriz, dançarina, ídolo dos mundanos de Antiochia. Inebriada pelas adulações dos homens, estonteada por um luxo desmedido, levou o culto de si própria a ponto de deidificação.
Nonno, Bispo de Edessa, celebre pela ciência e santidade, estava em assembléia com os Bispos, e passou Pelagia perto da Igreja em que estavam com todo luxo e pompa. Escandalizados os bispos abaixaram os olhos. Nonno porem olhou firmemente para a pecadora, seguindo-a por muito tempo com o olhar e finalmente disse aos assistentes: Vistes aquela mulher ? Não vos agradou a sua beleza ?” Como ninguém respondesse repetiu a pergunta e acrescentou:
“Nada me respondeis ? Pois a mim muito agradou. Embora pecadora, foi mandada por Deus para nos humilhar e nos abrir os olhos. Que responderemos, nos Bispos, ao eterno Juiz, se no nosso juízo comparar os nossos trabalhos, nosso zelo, com os trabalhos dessa mulher ? Quantas horas não teria despendido para se enfeitar, perfumar e vestir; quanto tempo não se preocupou com mil futilidades; quanto dinheiro não gastou com estas mil coisas, só para agradar aos homens, que hoje são e amanhã não existirão ? Nos porém, temos um Pai, que nos promete recompensa e gloria eternas, se o quisermos amar e servir. No entanto, nenhum cuidado temos com nossa alma; não a adornamos de virtudes, deixando-a antes num estado lastimável de pecado.”
Com os olhos marejados de lagrimas terminou a oração e foi para casa.
Ali chegando se ajoelhou e permaneceu em longa oração: “Ó Jesus – assim orava – ó Jesus, perdoai a mim, pobre pecador ! Perdoai a minha negligencia de até hoje não ter cuidado de minha alma como devia ter feito. Como me atreverei a levantar os olhos para Vós ? Que proferirei em minha justificação ? Pelágia prometeu agradar aos homens e com a maior diligencia cumpre a promessa. Eu prometi pertencer-vos e agradar-vos no vosso santo serviço, mas tenho sido muito negligente no cumprimento dessa promessa solene. Perdoai-me, ó Jesus.”
Nonno ao fazer a homilia da Missa, tomou no assunto do sermão o juizo final. Falou com tanta convicção, que suas palavras calaram fundo os corações dos ouvintes. Pelagia estava la, mais por vaidade e curiosidade. Quando menina havia pedido para ser adimitida entre as catecumanas. E depois passou anos sem ter recebido batismo ainda.
As palavras do pregador, iguais marteladas desapiedadas, desmantelaram-lhe por completo e saiu da Igreja com a resolução de mudar de vida.
Pelágia foi depois ao encontro de Nonno para que este administrasse o santo batismo, mas Pelágia não tinha alguém que se responsabilizasse pela seriedade da conversão dela. Mas Pelágia prostrou-se diante dele e insistiu: Se negardes a misericórdia divina e alegando exigências de leis humanas, vos recusardes a batizar-me e encaminhar-me para uma vida agradável a Deus, sereis vós o responsável por minha condenação eterna.
Os bispos se terneceram e Nonno a batizou e também administrou os sacramentos da confirmação e Eucaristia.
Pelágia trouxe todas as jóias a presença de Nonno e disse-lhe: “Eis aqui as riquezas de Satanás; peço-vos que as aceiteis e delas façais o que vos aprouver. A partir de agora procurarei minha riqueza só em Jesus.”
Nonno distribuiu entre os pobres. A penitente deu liberdade aos escravos e retirou-se de Antiochia.
Os peregrinos que visitavam os santos lugares, em Jerusalém, falavam de uma eremita, que ocupava uma pobre choupana no monte das Oliveiras. De uma formosura não comum, era por todos admirada pelas obras de penitencia e grande fervor nos exercícios de piedade. Raras vezes saia da cela, para buscar água e ervas para seu sustento.
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