Ars era o lugar predileto dos jovens dançarinos das vizinhanças. O Santo Cura d’Ars levou 25 anos de combate contra os bailes, e no contexto da época os bailes eram de danças sensuais. Explicava que não basta evitar o pecado, mas deve-se fugir também das ocasiões. Por isso abrangia no mesmo anátema o pecado e a ocasião.
"O demônio rodeia um baile como um muro cerca um jardim. As pessoas que entram num salão de baile deixam na porta o seu anjo da guarda, e o demônio o substitui, de
sorte que há tantos demônios quantos são os que dançam"
Disse São João Maria Vianney ou Cura d'Ars.
O santo era inexorável não só com quem dançasse, mas também com os que fossem somente “assistir” ao baile, pois a sensualidade também entra pelos olhos. Negava-lhes a absolvição, a menos que prometessem nunca mais fazê-lo. Ao reformar a igreja, erigiu um altar em honra de São João Batista, e em seu arco mandou esculpir a frase: “Sua cabeça foi o preço de uma dança”.
O santo não tinha tais invenções da cabeça visto que já tinha feito vários exorcismos e uma deixou uma bem sucedida obra de santificação da cidade de Ars. Um fato mostra que foi dado ao Sr Cura D'Ars a ciência sobre a expertesa do demônio:
Pela mesma época, o sr. Carlos de Montluisant, pode confirmar se de fato o Pe. Vianney conhecia ou não algo dos mistérios do além. Tendo ouvido falar das maravilhas de Ars, resolveu com outros três oficiais examinar minuciosamente o que lá se passava. Pelo caminho, os amigos combinaram que cada um faria uma pergunta ao Pe. Vianney. O capitão Montluisant manifestou sem rodeios que “não tendo nada a dizer, nada lhe diria”.
Chegada a hora da entrevista, entrou na sacristia atrás de seus companheiros e bem decidido a manter-se calado, quando um deles, apresentando-o ao Cura d’Ars, disse: “Sr. Cura, eis aqui o sr. Montluisant, jovem capitão, de futuro, que deseja fazer-lhe uma pergunta”.
Pego desprevenido, disse:
“Vejamos, sr. Cura, estas histórias de diabruras que dizem a respeito de Vossa Reverendíssima, são irreais, não é verdade?... São coisas da imaginação?...”
O Pe. Vianney olhou fixamente os olhos do oficial e depois deu a resposta breve e incisiva:
“Ah! Meu amigo, você já sabe algo sobre isto... Sem o que fez não o teria podido descobrir”.
O sr. Montluisant guardou silêncio, com grande admiração de seus companheiros.
No caminho de regresso teve que explicar-se. Ou o Cura d’Ars tinha falado ao acaso ou... Mas que havia passado? O capitão foi obrigado a confessar que, estando em Paris cursando seus estudos, se tinha filiado a um grupo, na aparência filantrópico, mas que na realidade era uma associação de espíritas.
“Certo dia, disse ele, ao entrar no meu quarto, tive a impressão de que não me achava só. Inquietado por uma sensação estranha, olho e busco por todos os cantos. Nada. No dia seguinte, o mesmo... Demais, parecia-me como se uma mão invisível me apertasse a garganta... Eu tinha fé. Fui buscar água-benta em São Germano l’Auxerrois, minha paróquia. Aspergi o quarto por todos os cantos e recantos e, a partir daquele momento, cessou toda impressão duma presença preternatural. Depois não pus mais os pés em casa dos espiritistas... Não duvido que o Cura d’Ars aludisse a esse acontecimento já distante”.
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