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Aborto e consciência: estamos realmente conscientes?

No debate entre Ratzinger e o ateu Paolo Flores d'Arcais no livro Deus existe? [1] O ateu afirma que a Igreja polonesa por meio de sugestão de leis à Polônia teria imposto às consciências a visão católica sobre aborto e outros temas. Não sei que outros temas foram esses, mas podemos começar pela questão mais polêmica que é o aborto.

Nesse caso, há uma definição de consciência [2] como significado comum que é estar ciente das próprias percepções, ideias, sentimentos, vontade etc. O conceito abrange um centro moral que nos informa como se deve agir. Sejamos cristãos ou ateus procuramos agir por uma consciência moral em que buscamos interiormente meditando ou estudando estamos sempre a desenvolvendo.

De nossa parte cristãos, que temos desenvolvido muito melhor a discussão do tema do aborto, temos o dever de alertar os não cristãos do certo e errado e tomar o exemplo de São Paulo ao alertar aos irmãos que podem ser causa de queda dos outros que têm a consciência mais fraca em relação a determinado tema, no caso comer carne sacrificada aos ídolos: "pecando vós contra os irmãos e ferindo sua débil consciência, pecais contra Cristo." (I Cor 8,12).

Para cristãos e não cristãos não caírem em um critério subjetivo de julgar as coisas, os cristãos não estão sozinhos e devem estar bem-informados:

"Pela fidelidade à voz da consciência, os cristãos estão unidos aos demais homens, no dever de buscar a verdade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida individual e social. Quanto mais, portanto, prevalecer a reta consciência, tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe da arbitrariedade cega e procurarão conformar-se com as normas objetivas da moralidade." Gaudium et spes (16). Na passagem da Gaudium et spes rechaça uma consciência subjetivista, procurando uma moralidade objetiva.

Somando a isso a passagem de Coríntios, mostra-se a responsabilidade dos que têm maior consciência perante os que tem menor consciência sobre um determinado tema.

Essas duas discussões acima são suficientes para que o cristão assuma o dever de ajudar quem tem menor consciência de um ato e não deixando que opiniões relativistas sejam a balizadora. Mas pelo lado dos ateus e não cristãos, por que podemos dizer que eles não estão com a total consciência do que estão fazendo na questão do aborto?

Primeiro, podemos observar que não estariam formados sobre o assunto devido à intensa e desproporcional propaganda que grupos organizados de ativismo de atuação internacional fazem sobre as pessoas relativizando ao máximo o valor da vida, em uma progressão sem fundamento moral ou sem consequências. Hoje já vemos que começam a discutir até legalizar aborto antes do nascimento ou após o nascimento.

O fluxo do dinheiro do aborto que são bilhões financiado por fundações como Rockefeller, McAthur, Ford e outras entidades chegam aos universitários para que façam pesquisas favoráveis ao aborto. Chegam também à ONGs que levantam e manipulam estatísticas e promovem propagandas favoráveis. Nessa atuação conjunta chegam perto dos governos com um ar mais científico propondo mudanças nas políticas das agências de saúde primeiro e depois chegam aos políticos. Isso sem contar quando um político já é de esquerda desde jovem e adotou a opinião apenas porque as organizações que financiam eles são as mesmas.

Segundo, a grande maioria dos que propagam o aborto não tiveram coragem de ver ultrassons para ver a realidade como ela é. Muitos que veem desistem, por isso essas organizações não querem esse meio. Não tiveram acesso maior a realidade, ou seja, fomentar a consciência. Até fotos de fetos causam um impacto, porque se está diante de um ser humano. Um ser humano olha o outro já sabendo que não é nunca um conjunto de carne, mas um ser único. Para São Tomás a consciência é um ditame da razão e não de ativismo político, em que slogans são facilmente espalhados. Soma a isso, como terceiro, a sensação do progressismo [3] que esta permeada em qualquer pessoa independente de visão política no qual afirma que a sociedade caminha em uma tal evolução e o tempo que vivemos seria o mais perfeito não só em tecnologia, mas também em matéria moral. Tal crença de chegar em uma sociedade perfeita faz com que aceitemos qualquer novidade amplamente difundida para que não tenhamos a sensação horrorosa de que estamos regressando à tempos sombrios.

 

[1] Deus existe?, Joseph Ratzinger, Paolo Flores D’arcais, tradução Sandra Martha Dolinsky, 2 ed. – São Paulo, 2016, pg. 48

[2] Dicionário de filosofia, Nicola Abbagnano, 5º edição, Martins Fontes, 2007, pg. 185

[3] Sobre esse assunto recomendo o livro do historiador Christopher Dawson, Progresso e Religião uma investigação histórica, Editora É.

Autor: Angelo Farias

Data: 14/11/2021
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