A minha resposta curta para esse tipo de situação é que nós temos que descobrir o que faz o nosso coração arder e, então, correr atrás desse algo com determinação obstinada. Para mim, por exemplo, o que funciona é escrever.
Já a minha resposta longa é que o catolicismo é uma busca radical pela verdade. Nós não nos lembramos o suficiente do quanto a graça custa. Não ouvimos falar o suficiente do quanto é medíocre seguir a Cristo mais ou menos. A fé não nos chama a viver na miséria, mas nos chama, claramente, a não possuir muito mais do que realmente precisamos. A fé nos convida à pobreza, à castidade e à obediência. E o que eu descobri é que estes três estados de vida são incrivelmente empolgantes e desafiadores! Eles nos dão um tipo de liberdade e de “consciência de ser” que é completamente inexistente no meio da nossa cultura entorpecente.
Eu resisto resolutamente a ser uma pessoa “ocupada demais”. Acho que o tipo de ocupação que a nossa cultura valoriza e almeja não é obra de Deus. Certos tipos de mídia católica dizem que nós somos quase obrigados a assistir a filmes estúpidos e a programas de TV de má qualidade para podermos enxergar as pessoas “do jeito que elas são”, mas eu não penso assim. Só a ideia de perder 10 minutos vendo um programa de TV estúpido para poder jogar conversa fora com algum “não crente” me deixa arrepiada.
Se Cristo andava com as prostitutas e com os publicanos, não era porque Ele quisesse nos incentivar a contar piadas infames e a fazer fuxicos grosseiros. Ele não descia de nível, mesmo quando se encontrava com as pessoas nos níveis em que elas viviam. Ele ia até lá para chamá-las a subir de nível. Nós amamos de fato as pessoas quando vemos a sua fome e sede terrível, mas as convidamos a contribuir, mostrando a elas que elas também têm uma missão integral e de importância vital.
Eu perdi o meu casamento, em parte, porque me converti. Eu abandonei o meu trabalho como advogada porque me converti. Não sei se perdi amigos, mas posso ter perdido certa proximidade com certos amigos. Que o catolicismo seja constantemente mal interpretado, incompreendido, caluniado, desprezado, eu posso aceitar. O que me incomoda é que as pessoas vejam o catolicismo como uma excentricidade sem sentido.
Logo depois que Obama foi eleito, uma amiga minha, que se derretia toda por ele, me perguntou: “Você também adora o Obama, não adora?”. Eu respondi: “Bom, ele parece uma pessoa legal, mas eu não morro de amores pelo fato de ele apoiar pesquisas com células estaminais embrionárias. E aposto com você que não vai melhorar nada para os pobres, aposto que ele vai começar uma ou duas guerras e aposto que, daqui a um ano, muita gente vai começar a odiá-lo”. Ela retrucou: “Poxa, isso é só coisa do seu catolicismo”. Eu quase pulei da cadeira. “Coisa do meu catolicismo?! O meu catolicismo é a minha vida! O meu catolicismo é o ar que eu respiro!”.
Foi por causa do meu catolicismo que eu não votei em Obama nem em Romney. Domingo passado, no Los Angeles Times, eu li que, desde 1995, o Pentágono distribuiu 5,1 bilhões de dólares em equipamentos militares excedentes para os departamentos de polícia dos Estados Unidos: fuzis, veículos blindados resistentes a minas, helicópteros.